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quinta-feira, 15 de julho de 2010

PRAZER SEXUAL NA BÍBLIA

As colocações abaixo foram elaboradas em resposta às perguntas de um professor ímpio sobre uma suposta origem bíblica de uma possível repressão ao prazer sexual entre os judeus.

Análise bíblica da "repressão ao prazer sexual"

1) Sexo-prazer - mal visto.

Tal suposição não encontra fundamento na bíblia. Nela não se vê nenhuma palavra contra o prazer sexual. Somente se determina que a cópula seja restrita aos cônjuges. Deus criou o seres humanos: macho e fêmea (Gênesis 1.27). Essa distinção já pressupõe a prática sexual. Além disso, Deus ordenou que suas criaturas crescessem e multiplicassem (Gênesis 1.28). Entendemos que o sexo existe para a reprodução. Entretanto, tal compreensão e afirmativa não representam a negação ao prazer. Se não houvesse o desejo e a satisfação encontrada no ato sexual, a perpetuação da espécie humana teria corrido sérios riscos no início da história humana. A reprodução ficaria dependendo de uma consciência de obrigação por parte das pessoas, e o ser humano poderia se extinguir por uma simples questão de esquecimento ou falta de tempo. Para que assim não ocorresse, Deus fez com que o sexo fosse prazeroso. Podemos pensar da mesma forma em relação ao ato da alimentação. Se formos analisar, concluiremos que temos a "obrigação" de ingerir alimentos e beber água freqüentemente. Entretanto, normalmente não pensamos no comer e beber como uma obrigação, mas, quase sempre como um prazer. Para a nossa própria segurança e também para o nosso próprio bem estar, Deus fez com que a alimentação fosse um motivo de prazer para nós.
Alguém pode dizer que o prazer é legítimo, mas que o ato sexual deve ter sempre o objetivo da reprodução. Como dissemos, o ato sexual existe para a reprodução, mas a bíblia nos dá a entender que o mesmo é legítimo e honrado, mesmo que a reprodução não ocorra ou não esteja sendo buscada. Vejamos o que diz o apóstolo Paulo na primeira carta aos coríntios, capítulo 7, versos 4 e 5: "A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência." Paulo está dizendo que a prática sexual seria constante na vida do casal e que a abstinência só poderia acontecer por consentimento mútuo e por pouco tempo. Paulo estaria ensinando os casais a terem filhos ininterruptamente? Creio que não. O que está em pauta é a necessidade do prazer sexual e sua legitimidade dentro dos limites do matrimônio.
No Velho Testamento, no livro de Cantares de Salomão, encontram-se várias alusões aos atributos físicos dos cônjuges e ao seu relacionamento amoroso. Suas palavras parecem se relacionar bem com a questão do prazer e não com a sua negação.

2) Esterilidade - maldição.

A idéia da esterilidade como maldição é encontrada nos relatos bíblicos. Quando Deus se revelou a Abraão, o patriarca de Israel, fez-lhe a promessa de uma descendência numerosa, a qual, assim como as estrelas do céu e os grãos de areia da praia, não poderia ser contada. (Gênesis 15.5). Assim, todo israelita se considerava abençoado quando podia ter filhos. Estava, desse modo, sendo alcançado pela bênção de Deus prometida a Abraão. A esterilidade era então vista como maldição, por ser contrária à benção. Os homens valorizavam muito o fato de deixarem herdeiros. Por isso, as mulheres estéreis eram, em muitos casos, desprezadas. Seus maridos logo se uniam a outra mulher para com ela ter filhos. Evidentemente, quando o homem amava uma mulher, ele não a rejeitava por causa da esterilidade, mas, de qualquer forma, ela se sentia a pior das criaturas. (Gênesis 16.1-6 Gênesis 30.1-26 I Samuel 1.1-20 II Samuel 6.16-23 Salmo 127.3-5).
Pela bíblia, entendemos que Deus escolheu a nação de Israel para que, através dela, Cristo viesse ao mundo. Para que isso acontecesse, esse povo precisava se multiplicar. A esterilidade surgia então como um estorvo ao propósito divino.
Apesar de tudo isso, a bíblia nos mostra o amor divino pelas mulheres estéreis. Ainda que os homens as rejeitassem, Deus não as rejeitava. Nos textos mencionados vemos, inclusive, casos em que Deus ouviu a súplica de mulheres estéreis e lhes curou a esterilidade. (Salmo 113.9).
No Novo Testamento, temos uma referência atípica sobre as mulheres estéreis. Jesus fala de um tempo de angústia tão grande, que as mulheres estéreis estariam felizes por não terem filhos para o sofrimento (Lucas 23.28-30; Mateus 24.19).


3) Adultério (feminino) - punição com apedrejamento público.

Não existe adultério feminimo. O adultério é um ato que envolve um homem e uma mulher. (A não ser que se trate de uma mistura de adultério com lesbianismo). A lei de Moisés determinava pena de morte para os adúlteros, homem e mulher. (Êxodo 20.14; Levíticos 18.20; Levítico 20.10; Deuteronômio 22.22). No evangelho de João temos o relato a respeito de uma mulher adúltera, que foi trazida pelos fariseus perante Jesus, para que ele dissesse se deveriam apedrejá-la ou não. Vemos nesse episódio uma tentativa de se cumprir parcialmente a lei. Onde estava o homem que adulterara com aquela mulher? O texto nos diz que houve flagrante. Logo, não trouxeram o homem porque não quiseram.
A proibição do adultério nada tem a ver com repressão ao prazer sexual. A bíblia ensina o valor da família. Se não houvesse nenhuma restrição ao adultério e à prostituição, então a família cairia em extinção. As conseqüências poderiam ser: filhos sem um lar, sem uma estrutura familiar tão necessária à formação da personalidade. Os idosos desamparados ou isolados, já que suas vidas foram totalmente fragmentadas por aventuras sexuais sem regras e sem compromissos. Por essa causa, seria difícil a existência de laços e responsabilidades. E não é o que temos visto muitas vezes? Tudo isso tem acontecido em escala cada vez maior devido ao desprezo pelos princípios bíblicos. (Provérbios 2.16; Provérbios 5.8; Jeremias 23.10; O Novo Testamento não nos manda apedrejar os adúlteros, mas continua ensinando que o adultério é pecado, é um atentado contra a família e contra a sociedade. (Mateus 5.27-28; Mateus 12.39; Romanos 7.1-3; I Coríntios 6.9; Hebreus 13.4; Tiago 4.4). A palavra de Deus aos adúlteros é que se arrependam, se convertam aos ensinos de Cristo e sejam fiéis aos seus conjuges. Tudo está resumido no que Jesus disse àquela mulher adúltera: "Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? (E ela disse: ninguém, Senhor). Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais." (João 8.10-11).

4) Menstruação - impureza que necessitava de rituais de purificação.

O texto de Levítico 15, menciona o fluxo feminino (menstruação) e o fluxo masculino (polução) como imundícies. Tal afirmação nada tem a ver com repressão ao prazer sexual. Esses ensinamentos estavam entre outros tantos que determinavam atos de higiene para o povo de Israel. Podemos dizer que eram desnecessários? De modo nenhum, principalmente naquele tempo, aproximadamente 1.200 a.C., quando não havia água canalizada, nem absorventes, nem hospitais, nem os remédios e tratamentos de saúde da atualidade. Por isso, Deus ditou várias regras rígidas de higiene, afim de que não houvessem epidemias no meio do povo.


5) Novo Testamento: não faz referências claras à sexualidade. Apenas mostra a tolerância com a mulher adúltera.

Existem poucos textos relacionados à sexualidade no Novo Testamento. Entretanto, isso não pode ser usado para dizer que a bíblia condena o prazer sexual. O Novo Testamento não fala muito sobre sexo, simplesmente porque este não é o seu tema. O Novo Testamento tem como objetivo instruir as pessoas com vistas à salvação de suas almas. Se formos analisar profundamente, a salvação estará relacionada a todas as áreas da vida humana. Então, os escritores neo-testamentários acabam tocando em questões sexuais, principalmente para alertar contra a prostituição, o adultério e o homossexualismo, e não para condenar o prazer sexual em si. Quanto à tolerância com a mulher adúltera, podemos dizer: Deus demonstra tolerância com todas as pessoas, mas isso não significa que ele aprova o pecado. Deus ama o pecador (João 3.16), mas abomina o pecado. O que ele deseja é que todos se arrependam e se convertam. Nosso tempo de vida é nosso tempo de oportunidade. Os que não se arrependerem serão condenados por Deus. (Romanos 1.18-32; I Coríntios 5.1-5; I Coríntios 6.15-20; Gálatas 5.19-21; Efésios 5.5; Efésios 6.28-31; Colossenses 3.5; I Tessalonicenses 4.3-7; I Timóteo 4.12; Apocalipse 2.20-22).

Pr. Anísio Renato de Andrade
Bacharel em teologia

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